Bem, hoje estou sentindo que eu sou um completo fracasso, e também que isso aqui é um completo fracasso, mas vou continuar escrevendo aqui ao invés de escrever no Twitter porque lá, além de me sentir um completo fracasso, qualquer coisa que eu escrevo bem acompanhada de respostas ofensivas aleatórias de gente que não me conhece. Aqui, ao menos, segue a sensação de que estou falando sozinho e de que as coisas vão continuar assim.
Em todo caso, reformulei minha campanha de apoio. Não deve crescer muito, mas eu me planejei pro caso de crescer. Estilo aqueles planejamentos que a gente faz pra quando a gente vai ganhar na Mega Sena e obviamente nunca vão acontecer de fato.
Então vamos lá reclamar da vida.
Gordofobia
Ontem eu cometi o enorme equívoco de comentar no Twitter que eu não gosto do termo “gordofobia”. Não é que eu ache que ele não deva ser usado. Só achava que era um termo insuficiente pra definir a gama de situações de ódio vividas diariamente por quem é gordo. Foi o suficiente pra eu receber uma enxurrada de ódio de onde eu não esperava: de quem é gordo e defende o termo.
Confesso que fiquei bastante chateado, menos pelas falas e mais pelo tom. A questão (não só entre os gordos, mas na militância de minorias em geral) é que, por razões óbvias, essa militância costuma ser bastante reativa, afinal estamos falando de uma militância que nasce em situações estruturais de opressão. Isso não justifica, porém, atitudes agressivas e sem empatia com quem é aliado. É algo que só desagrega e provoca antipatia em quem poderia estar lutando junto. No final, todo mundo é vítima das mesmas opressões estruturais, e ações desagregadoras só terão como efeito a individualização das lutas, o que obviamente vai tornar o movimento muito mais fraco e as opressões muito mais legitimadas no seio da sociedade. Isso não só entre gordos, mas entre qualquer movimento que se proponha a defender qualquer grupo oprimido.
Quem é gordo é literalmente visto como DOENTE pelo resto da sociedade. As pessoas olham pra gente mesmo sem conhecer e já se acham em condição de trazer uma “receita mágica” para emagrecermos. As pessoas recusam emprego pra quem é gordo e ainda alegam “razões técnicas” do tipo “ah mas eu não posso contratar um doente”. As pessoas não tem atração sexual por nós. Inclusive transar com gordo é algo tratado como fetiche, como se fosse alguma bizarrice cultivada por pessoas com hábitos sexuais peculiares estilo transar com árvore. As pessoas não tem nenhuma vergonha de xingar o gordo na rua ou fazer piada com gordo em público. E todo gordo sofre isso.
Por isso mesmo eu fiquei chateado sim quando começaram a me ofender porque eu disse apenas que não gosto do termo. Mas a falta de empatia nas redes é tão grande que se eu expor isso em público vão dizer que eu estou com vitimismo ou querendo “acabar com o movimento”, então estou expondo isso só aqui mesmo, que é um espaço que quase ninguém lê (onde eu cheguei a ser ofendido até por, vejam só, “ter muitos seguidores”)
Dick Fosbury

Ontem morreu Dick Fosbury, o homem que (re)inventou o salto com altura. O Fosbury Flop, que hoje é o padrão mundial no salto em altura, fez com que Fosbury ganhasse a medalha de ouro olímpica em 1968 na Cidade do México mesmo sem ser um atleta profissional. Fosbury era universitário de engenharia e percebeu que a mecânica do salto arqueando as costas permitia uma maior altura final. Não treinou para as Olimpíadas enquanto estava no México. E ganhou mesmo assim, competindo com atletas muito mais treinados. Um legado enorme!
As Igrejas e o Golpe
Evangélicos que foram presos nos atos golpistas de 08 de janeiro estão abrindo o jogo e dizendo, em depoimentos à Polícia Federal, que igrejas de vários estados do país bancaram ônibus e mobilizaram pessoas para ir ao evento.
Embora essa percepção já existisse, a confirmação de um apoio formal em depoimentos mostra o nível de envolvimento das comunidades com o bolsonarismo. Há relatos de financiamento em estados tão diferentes quanto Mato Grosso, Minas Gerais, Pará e Alagoas. O reacionarismo está muito interiorizado e, além do agro, e igrejas evangélicas tem papel essencial nesse movimento. Mudar essa realidade será duro é penoso.
Credit Suisse
O Credit Suisse é a nova vítima do comportamento desesperado de manada de investidores em nível mundial. Mas é uma vítima com algum dolo. Inconsistências no balanço, reveladas pelo CEO da companhia, fizeram as ações do banco caírem praticamente 25% no pré mercado em Nova York e as negociações serem suspeitas. Difícil falar qualquer coisa mais aprofundada agora, mas parece que estamos falando de uma crise financeira de impacto global surgindo no horizonte.
O MBL é Asqueroso
Que o MBL é um grupo asqueroso financiado por think tanks de extrema direita dos EUA (essas, bancadas por bilionários negacionistas) não é novidade para ninguém. A novidade é que eles estão desesperados para manter alguma relevância agora que não estão mais presos nas mamatas do governo Bolsonaro. Só que eles são muito previsíveis.
1) Depois do Fernando Holiday sair do grupo (ele continua sendo uma pessoa horrível, só pra constar), os caras tiveram a moral de bancar outro candidato negro só pra servir de totem, um tal de Guto, que hoje é deutado estadual por SP. Aquela coisa de “nem somos racistas, temos um negro aqui, ó” que serve para eles defenderem todo tipo de pauta racista. Fazem a mesma coisa com toda espécie de pauta, porque são um bando de mau caráter.
2) Agora eles querem fazer isso com a pauta ambiental também. Como se houvesse um ambientalismo “de mercado”. Tem um idiota do MBL que será lançado nas próximas eleições com essa pauta. Enquanto isso, o nazistinha de merda do Kim Kataguiri se junta com o Ricardo Salles para tentar inventar “CPI do MST” e favorecer latifundiário desmatador. Tudo isso num contexto em que o MBL é bancado desde o início por gente ligada ao Petróleo como os Irmãos Koch (para nossa sorte um deles já olavou)
***
Bem, por hoje é só. Estou mentalmente desgastado demais para continuar escrevendo hoje sem um propósito. Espero que as coisas melhorem.
Até breve!
Bom dia. Passando pra te deixar um oizinho e te dar uma força! Daí você sabe que pelo menos uma pessoa leu sua coluna! Fique bem!
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Obrigado, de verdade ❤️
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Força Léo, mantenha a coluna porque eu gosto bastante da sua escrita. Gosto também de voltar a acompanhar um blog 20 anos depois.
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Valeu. Devo continuar mas a cabeça está em frangalhos
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Só passando para dar um comentário positivo e agradecer pelos seus textos. Tudo de bom!
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Sei que é mais fácil falar, mas refresca a cuca… Tô curtindo acompanhar suas colunas aqui, vc é fera demais. Forças aí querido!
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