12 e 13 de Março de 2023

Tomar remédios pode mudar a nossa personalidade. Essa reportagem já tem mais de três anos, mas segue incrivelmente atual. E é assustador pensar que cada pessoa nos EUA consome em média 300 comprimidos de paracetamol por ano.

Quebra do Silicon Valley Bank

Na quinta-feira, foi desencadeada uma corrida bancária ao Silicon Valley Bank. Mais de US$ 50 bilhões foram sacados, o banco entrou em colapso e o governo dos EUA entrou em ação para garantir os depósitos. Obviamente as pessoas vão reclamar “olha lá o capitalismo recorrendo ao governo quando o calo aperta”, e sim, essa reclamação tem razão, mas esse tipo de reclamação tira o foco do real tamanho do problema.

Antes de se tornar filantropo, responsável pela Open Society e alvo da extrema direita, George Soros se tornou famoso ao quebrar o centenário Banco da Inglaterra, em maio de 1992, apostando US$ 10 bilhões contra a libra esterlina e ganhando US$ 1,1 bilhão em um dia. Embora a cifra possa parecer “normal” para os bilionários atuais, teve um enorme impacto “real” na época.

No caso do Silicon Valley Bank, George Soros não fez nada, mas outro bilionário, de perfil ainda mais pernicioso, fez: Peter Thiel, notório por suas conexões com a extrema direita, liderou a corrida ao banco para sacar o recurso de suas empresas, instando outros empresários a fazerem o mesmo. É algo que remete ao que Soros fez em 1992, com um agravante assustador: não foi necessário nenhum movimento de mercado arriscado para isso, como o que Soros fez na época. Bastou a Peter Thiel tirar seu dinheiro do banco e usar sua capacidade de influência para convencer outros a fazerem o mesmo, levando em questão de horas um banco responsável pela saúde financeira de algumas das empresas mais importantes do mundo à falência.

Em alguns momentos históricos, os EUA confrontaram abertamente os seus bilionários. Isso acontecia quando os bilionários acumulavam poder a ponto de ameaçar o próprio sistema capitalista. O caso mais notório é o de John D. Rockefeller, que foi condenado a vender a Standard Oil depois que Theodore Roosevelt viu que o monopólio que ele tinha em relação ao Petróleo impedia o desenvolvimento da indústria de carros nos EUA. Continuou riquíssimo, mas não representava mais um risco sistêmico. Agora, é inegável que Peter Thiel (e outros bilionários, como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos) representam riscos sistêmicos tão grandes para os EUA quanto Rockefeller representava há 120 anos. E o combate aos bilionários é uma ótima forma de Joe Biden retomar um pouco de sua popularidade em um cenário em que a volta de Donald Trump segue sendo um risco eleitoral real.

Golpe da Criptomoeda

O Fantástico mostrou como Gustavo Scarpa, Mayke e Weverton perderam milhões de reais com um esquema de criptomoeda intermediado por William Bigode, enquanto todos jogavam no Palmeiras. Convenhamos: o ambiente dos jogadores de futebol é um prato cheio para toda espécie de picareta golpista. Mesmo caras supostamente mais “cultos”, como Gustavo Scarpa, caem tranquilamente em golpes intermediados por um ambiente totalmente tóxico, regado a uma palestra motivacional feita por coach e a muita teologia da prosperidade, como mostra uma mensagem mandada por William para Scarpa:

Existem duas questões importantes sobre golpes do tipo além da questão óbvia “nenhum rendimento rende 5% ao mês e se está rendendo isso provavelmente é esquema de pirâmide. A primeira delas é que o grande amigo do estelionatário é o pacto informal de silêncio que as vítimas do estelionato sempre fazem. Esse pacto ocorre por um motivo bem simples: quem é vítima de um golpe desses geralmente se toca da burrice que cometeu quando o dinheiro não volta. Ao se tocarem, as pessoas são acometidas por uma enorme vergonha, pela sensação de que foram burras mesmo. E, sempre que podem, engolem seco e guardam o prejuízo para si, porque é muito menos prejudicial ficar com a sensação de que você foi um burro sozinho do que ter ter a sociedade toda fazendo piada e dizendo que você foi um burro que caiu em golpe. Isso é especialmente verdade em tempos de redes sociais, em que a imagem vale mais do que qualquer coisa.

A segunda coisa é que é nesse tipo de momento que nasce o ex-jogador de futebol falido. Parece inexplicável ver jogadores famosos ganhando milhões e depois aparecendo em reportagens “quebrados” no fim de carreira, atrasando pensão, tendo que vender o patrimônio para sobreviver. Mas a verdade é que dinheiro atrai golpista. E hoje, mais do que nunca, o que mais tem é golpista querendo ganhar com propaganda de investimento. Até porque esses caras não servem só como as vítimas do golpe: enquanto o golpe não é consumado, também servem como propaganda para que os golpistas cheguem em mais gente. Foi exatamente o papel do William Bigode no processo.

Daí, no final, temos situações patéticas como a exposta entre os jogadores do Palmeiras.

Descaso em Santo André

Na quarta-feira passada, dia 08, choveu muito em Santo André. Passei a madrugada sem energia elétrica, caíram várias árvores no meu bairro, e as ruas, que já estavam esburacadas, ficaram ainda mais esburacadas.

Até aí tudo relativamente ok. As mudanças climáticas estão aí, eventos extremos são cada vez mais constantes e estamos sujeitos a esse tipo de coisa. A questão é que já se passaram cinco dias e os pedaços de árvores que caíram seguem espalhados pelas ruas. Não houve nenhum trabalho de recolhimento das árvores. Para piorar, tivemos chuvas torrenciais todos os dias em Santo André e esses pedaços de árvores que caíram na quarta-feira estão sendo arrastados pelas ruas, atingindo carros e causando ainda mais estrago.

Enquanto isso, o prefeito Paulo Serra segue fazendo propaganda de evento com food truck na prefeitura e fingindo que nada acontece. Parece ser uma estratégia eficiente, uma vez que ele tem feito o mesmo com o trânsito caótico da cidade e todo mundo segue achando, com base em marketing, que ele está fazendo uma boa administração.

Oscar

Não, esse site não é sobre o filme que foi indicado ao Oscar.

Inclusive acho que a adaptação de 1930 é melhor do que a que ganhou 4 estatuetas na cerimônia. E o livro é melhor que ambas as adaptações enquanto libelo antiguerra, que retrata todo o cenário sem nenhum glamour, apenas mostrando como a realidade da guerra é estúpida e, para a grande maioria, é apenas sinônimo de morte e destruição.

A Baleia, por sua vez, é um filme que parece um episódio de Quilos Mortais, só que sem a melhor parte, que é o Dr. Nowrazadan. Para piorar, o filme é abertamente gordofóbico ao colocar uma maquiagem no Brendan Fraser para que ele pareça mais gordo. Depois que a Crissy Metz teve um papel brilhante em This is Us eu achei que esse tipo de gordofobia retratado em filmes como Norbit e Vovozona tinha acabado, mas pelo visto eu fui otimista demais.

E já está cansativa essa onda de filmes baseados em universos paralelos e nas implicações disso. Sem contar que a ciência da coisa foi com Deus, o pessoal nem tenta mais fazer com que a coisa tenha o mínimo sentido possível.

E eu senti simpatia pelo filme ambientado na Irlanda que não ganhou nada, mas infelizmente ainda não consegui decorar o nome.

***

Eu confesso que fiquei bem triste com a história da jovem que inalou pimenta em Goiás e provavelmente terá sequelas neurológicas graves pelo resto da vida por conta de uma alergia.

Nesse fim de semana, o Santo André foi eliminado do torneio de consolação do Paulistão nos pênaltis. O São Caetano, por sua vez, foi rebaixado para a terceira divisão do Paulista, o que nos dá uma perspectiva de que nada está tão ruim que não possa piorar.

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