09 a 11 de Março de 2023

Pra variar, estou sendo atropelado pela vida. Nunca prometi que essa coluna seria diária, mas vou fazer as coisas da melhor maneira possível aqui.

Joias do Bolsonaro

Nem vou falar sobre o tema mais. Pra mim está muito óbvio o crime, mas aparentemente o bolsonarista é incapaz de enxergar isso. Como os bolsonaristas são desonestos pra caramba, não vou ficar dando cartaz. Só que tem vídeo, tem áudio, tem tráfico de armas no meio, tem até uma abertura extremamente mal explicada de embaixada no Bahrein feita pelo governo Bolsonaro em um contexto em que o governo Bolsonaro estava atrasando até aluguel de outras embaixadas. A única questão que precisa ser posta é que essa questão das joias levantou um monte de questões em relação à relação entre Bolsonaro e os países árabes: além da outra encomenda de joias que chegou ao Bolsonaro, já descobrimos que teve até fuzil que Bolsonaro ganhou de governo árabe e não declarou.

Daí a promotora que vai investigar é esposa de vereador bolsonarista, só pra completar.

Transfobia

O babaca que foi usar peruca pra ser transfóbico no plenário da Câmara é membro da Igreja Batista da Lagoinha. Amigo próximo do Neymar e do André Valadão. Quando o cara está fazendo uma merda dessas no plenário, está refletindo esse círculo de amizades, repleto de parças, pastores com discursos motivacionais e coaches. É um cenário em geral machista, que não se incomoda em ser homofóbico e transfóbico. Cheio de gente podre. Mas daí o processo no STF cai na mão do André Mendonça e todo mundo tem certe- de que não vai acontecer nada mesmo.

Trabalho Escravo

Um trabalhador escravizado custa dez mil reais, de acordo com o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul. É isso que diz o TAC proposto às Vinícolas Salton, Aurora e Garibaldi. As três vinícolas, que lucraram juntas mais de R$ 1 bilhão em 2022, vão ter que pagar R$ 7 milhões em indenizações, que dá menos de 1% do lucro das vinícolas no ano. Mas piora: desse valor, só R$ 2 milhões vão para os trabalhadores escravizados. O resto vai para “outras ações do MPT”, como se houvesse ação mais importante do que ressarcir quem foi escravizado.

Esse absurdo reflete todo o elitismo do Judiciário brasileiro. Para o Judiciário e o Ministério Público daqui, composto por gente que ganha mais de R$ 30 mil ao mês, é inadmissível que uma decisão judicial leve um pobre a sair da pobreza, mesmo quando ele foi literalmente escravizado. Mais do que isso: o Judiciário sempre está umbilicalmente ligado às elites locais, e adivinhem quem está entre os principais nomes da elite local na região da Serra Gaúcha? Isso mesmo, as vinícolas para as quais os trabalhadores escravizados prestavam serviços.

E tem um último ponto aí: sim, era uma empresa terceirizada que contratava os trabalhadores. A terceirização irrestrita está provocando inúmeros casos de “escravizados por terceirizadas”. Só nos últimos dias, já apareceu mais caso em Uruguaiana, no interior de São Paulo, é nada indica que a coisa pare por aí.

Franquias

Fica a ponderação aqui: grande parte das franquias é esquema de pirâmide. Um esquema sustentado por toda uma indústria de influencers que querem convencer todo mundo a ser empreendedor.

Funciona assim: essa galera vende a “mentalidade do empreendedorismo”, como forma do pobre parar de se identificar como trabalhador e se alinhar ideologicamente à classe alta. A teologia da prosperidade das igrejas evangélicas tem papel essencial nisso aí também.

Quando a lavagem cerebral já está completa, os caminhos são dois, ambos feitos pra gente preguiçosa que quer ganhar dinheiro rápido: o primeiro é o dos “investimentos”, seja via Day trade, seja via criptomoedas, seja via qualquer outro esquema duvidoso de ganho rápido de dinheiro. O segundo é o das “franquias”, em geral um artifício feito para que pessoas que não tem a menor noção do que é ser empresário paguem royalties para “marcas consolidadas”, que na verdade vendem kits prontos para privilegiar o empresário preguiçoso, e terminam ficando com a maior parte do lucro.

Daí, no final, o cara acha que é empreendedor, mas só está ganhando dinheiro pro “dono da franquia” enquanto investe o dinheiro da vida toda em algo fadado ao fracasso. Porque, salvo raras exceções, a maioria das marcas não é tão forte assim, e os franqueados vivem quebrando, vendendo a franquia, passando o ponto: é um esquema de pirâmide que só vai se sustentar enquanto tiver trouxa novo acreditando na lavagem cerebral do “todo mundo é empreendedor”

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Fiquem com essa charge do sempre ótimo Linha do Trem:

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Pelo menos o carteiro de Piraju é feliz e pode brincar de amarelinha durante o trabalho.

Até a próxima! Um abraço!

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