O WordPress está me forçando a mudar de aplicativo para escrever, mas aparentemente o aplicativo novo é exatamente igual ao anterior, o que eu confesso que não faz muito sentido, mas vamos lá.
Jóias do Bolsonaro

O Estadão revelou que o governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente um diamante avaliado em R$ 16 milhões da Arábia Saudita. A história é toda inacreditável e mostra como esses caras achavam que nunca iam sair do poder – e, com isso, nunca seriam investigados.
Um assessor militar do Ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque foi flagrado com uma escultura de cavalo dourado dentro da mala, com 30 centímetros, que tinha o estojo com as joias dentro. Foi pego no raio X da alfândega e teve a mercadoria apreendida, afinal era mercadoria não declarada com valor de mais de US$ 1000. Logo depois, o Ministro Bento Albuquerque tentou pessoalmente dar carteirada e retirar o produto do aeroporto. A propria direção da Receita Federal pressionou os agentes a liberarem a mercadoria. E, por fim, no último dia antes de Bolsonaro fugir pros EUA, um ajudante de ordens da Presidência da República fretou um avião da FAB e foi para Guarulhos tentar retirar a mercadoria. Tudo em vão, mas esse último movimento comprometeu Bolsonaro pessoalmente em relação ao tema.
Depois de revelado o escândalo, os bolsonaristas fizeram o que sabem saber de melhor: desvirtuar as coisas. O Ministro Bento Albuquerque disse que era “normal”, era “um presente” e “provavelmente estava destinado a Michelle Bolsonaro”. A própria Michelle fingiu que não era com ela.
A realidade é que existem várias hipóteses sobre o tema e todas elas envolvem atividade criminosa:
1) O único que disse “ser presente para a Michelle” é o ex Ministro Bento Albuquerque, implicado umbilicalmente na questão. Todo mundo que já trabalhou com prevenção à lavagem de dinheiro sabe que joias são uma das melhores formas de lavar dinheiro, uma vez que tem certificados de autenticidade próprios, contando com um mercado paralelo robusto e internacionalizado. Além disso, o Ministério de Minas e Energia esteve por trás de algumas das principais negociações com países árabes, como a da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para o grupo Mubadala, que é do governo dos Emirados Árabes Unidos, parceiro próximo da Arábia Saudita. Mas essa tese é enfraquecida à partir do momento em que Bolsonaro se envolveu pessoalmente com a tentativa de liberação.
2) Bolsonaro pode ter sido avalista dos negócios entre Brasil e países árabes envolvendo alinhamento automático com EUA, Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes em troca de condições vantajosas para os negócios árabes no Brasil, nas áreas de petróleo, agronegócio e exportação de minério. O presente teria sido uma propina dada ao presidente e o assessor militar teria sido recrutado para fazer o presente entrar no Brasil na surdina, mas o movimento foi barrado pelos profissionais da Receita Federal em Guarulhos.
3) O caso da jóia pode ser apenas a ponta de lança de um esquema muito maior de contrabando de jóias e outros itens de valor operado por militares próximos a Bolsonaro que tinham como líder o próprio Bolsonaro. É bom lembrar que Bolsonaro tinha uma demanda muito grande, por exemplo, em relação a legalização de ouro e minerais provenientes de garimpo ilegal. Da mesma forma que um militar foi pego, muitos outros podem ter passado ilesos. É bom lembrar que o governo Bolsonaro foi o governo onde um militar foi pego com 39 Kgs de cocaina num avião da comitiva presidencial.
Podem existir outros esquemas aí? Claro que podem. Mas nenhum deles parece ser legal. E o esforço empreendido mostra que a ação mobilizou várias áreas do governo. Então parece um esquema grande demais para passar batido.
Juscelino Filho na Berlinda
Como era de se esperar, os principais problemas do governo Lula estão sendo gestados e paridos pelo centrão. Em um ministério com muitas escolhas boas e algumas escolhas questionáveis, era notório desde o começo que a escolha de Juscelino Filho (União Brasil) como Ministro das Comunicações era uma das mais controversas, para dizer o mínimo.
Mas o que ninguém esperava é que Juscelino, enquanto ministro, fosse fazer merda tão rápido. Além de usar avião da FAB para participar de leilões de cavalos. Juscelino nomeou nos principais postos da pasta nomes oriundos do governo Bolsonaro. E não só isso: gente que operava orçamento secreto dentro do Ministério, como sua secretária executiva Sônia Faustino Mendes, que antes de ser a número 2 do Ministério das Comunicações, era a responsável por liberar esse tipo de verba no Ministério do Desenvolvimento Regional de Bolsonaro.
Na segunda, dia 06, tem uma reunião decisiva. Juscelino pode ser a primeira baixa do governo Lula.
Crise na Ucrânia
O fato de que a Rússia recusou a necessidade de mediação brasileira no conflito com a Ucrânia foi a primeira grande derrota diplomática do governo Lula. No entanto, a Ucrânia segue envolvida com o projeto brasileiro de terminar a guerra, ainda que condenando a invasão russa.
O Brasil foi um pouco afoito em propor um acordo de paz num cenário em que os russos não querem parar a guerra, por estarem tentando uma nova ofensiva, e os ucranianos também não, por acharem plausível reconquistar os territórios perdidos com os novos pacotes de ajuda ocidentais. Mas, ao mesmo tempo, a iniciativa brasileira forçou os russos a admitirem que não querem parar a guerra, o que certamente traz um componente importante para o cenário da guerra.
Santo André na Série D

Saíram os grupos da Série D. O Santo André vai passar vergonha em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo dessa vez.
Paulo Caruso
O genial Paulo Caruso descansou. A maioria conhece ele como o desenhista do Roda Viva por décadas. Mas ele foi muito mais que isso. A geração de cartunistas que nos acostumamos a acompanhar na infância está indo embora. E isso é muito triste.
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Ainda estou de férias, o que torna as coisas menos constantes. Espero que vocês estejam bem. Um abraço!