20 de Fevereiro de 2023

Mais um dia em que eu acabo impelido a escrever simplesmente porque as coisas insistem em continuar acontecendo.

Chuvas em SP

O recorde histórico de volume de precipitação registrado em doze horas no mundo ocorreu em Cilaos, na Ilha de Reunião, em 08 de janeiro de 1966. Nesse período, caíram 1144 milímetros de chuva. Esse fenômeno ocorreu durante o Ciclone Tropical Denise, o que aumenta absurdamente o volume de chuvas.

Entre sábado e domingo, São Sebastião e Bertioga registraram mais de 600 milímetros de chuva em doze horas: Bertioga registrou 689 milímetros e São Sebastião registrou 623 milímetros. E isso sem nenhum ciclone gerando efeito catalisador: foi apenas uma chuva orográfica. Estamos falando de um dos maiores volumes de chuva já registrados na história das medições sem que houvesse um fenômeno como um ciclone ou furacão como indutor do volume absurdo de chuvas.

Já são trinta e seis mortes confirmadas, e muitas pessoas seguem isoladas. Bairros inteiros seguem intransitáveis, muitas pessoas perderam tudo, outras não fazem ideia de como voltarão para casa após o feriado.

Se existe algo alentador em meio a esse cenário catastrófico, é o fato de que, sim, agora temos um estadista no poder. Lula foi a São Sebastião junto com vários ministros e se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e com o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto. Embora o momento seja o pior possível, essa reunião, que terminou com o comprometimento de todos os envolvidos em tentar salvar vidas e na reconstrução do que foi destruído, tem um forte aspecto simbólico: Lula não se recusou a dar a mão ao governador bolsonarista do principal estado do país e nem ao prefeito tucano de São Sebastião, que apoiou Rodrigo Garcia na eleição para governador. O encontro resultou em cenas como a mostrada abaixo e no compromisso de que o bem estar do cidadão estará acima das divergências políticas entre os três entes federativos.

Logo começaram a aparecer comparações com a atitude de Jair Bolsonaro em eventos similares. Quando a Bahia sofreu com fortes chuvas, Bolsonaro recusou a interromper suas férias em Santa Catarina. Tirou fotos andando de jet ski no dia, enquanto milhares de pessoas estavam desabrigadas em várias cidades baianas. Uma demonstração cabal de descaso com o povo do país.

Agora, no primeiro desastre ocorrido durante o terceiro governo Lula, a comparação entre as atitudes foi inevitável: Lula interrompeu sua folga de Carnaval na Bahia imediatamente, veio para São Paulo, se reuniu e ofereceu toda a ajuda possível, inclusive recompondo as verbas para combate à desastres. Essa foi outra comparação inevitável: em setembro de 2022, Bolsonaro cortou em 99% a verba destinada à prevenção e mitigação de desastres.

O fato é que as atitudes do Presidente da República têm um efeito enorme, tanto na população quanto nos demais políticos do país. Isso ficou notório durante o governo Bolsonaro: suas ações desuniram o país e desorganizaram até o que deveria ser feito em conjunto, como o combate à pandemia de COVID 19. Ao usar um tom agregador, Lula vai no sentido inverso, agindo como um verdadeiro estadista e inspirando outros políticos a fazerem o mesmo. Deveria ser o normal, mas vivemos em tempos tão anormais que quem insiste em fazer o que deveria ser normal precisa sim ser elogiado.

Para além da atitude inicial, porém, é necessário estruturar as políticas públicas da área. O aumento na intensidade dos eventos extremos é real e exige ações integradas, que envolvam todos os entes federativos. Por isso, é necessário pensar em uma política nacional de gestão de riscos de desastres para ontem. Uma política que envolva União, Estados, Municípios, com papéis definidos e investimentos contínuos, além de mecanismos de fomento à participação da população.

Novo RG

Em março, a CIN (Carteira de Identidade Nacional) começará a ser emitida, e a substituir o RG como documento de identificação. O prazo para troca do documento é de dez anos, que também é o prazo de validade do RG na maioria dos estados: após esse período, as autoridades pedem que seja feita uma segunda via. Será uma transição calma e sem sobressaltos, ao que tudo indica. O documento terá como base o CPF, que é um documento nacional e individual, emitido pela Receita Federal.

O Carnaval do Fim do Mundo

Estamos no primeiro carnaval “de verdade” após a pandemia (ainda que a pandemia não tenha acabado de fato). Em 1919 ocorreu um fenômeno similar após a gripe espanhola. O evento foi conhecido como “Carnaval do fim do mundo” e ganhou contornos históricos, ao ser uma comemoração totalmente sem limites, feita quase como uma forma de comemorar a sobrevivência à pandemia da época.

***

É isso. Bom carnaval para vocês!

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