Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões. E logo que a notícia saiu, um monte de gente anunciou saída da rede.
Pouca gente deve efetivamente sair do Twitter. É mais provável um esforço de desmobilização ou desengajamento coletivo. Daí, aos poucos, as pessoas vão “migrando” pra outras redes. O que também não é uma migração de fato. E só torna a vida das pessoas um inferno.
Porque antes você respondia e-mail. Depois, passou a responder e-mail e usar o Orkut. Daí, passou a responder e-mail, usar Orkut e Facebook. Daí passou a responder e-mail, usar Orkut, Facebook, WhatsApp, Instagram e Twitter. Sempre porque “a rede decaiu”. Esse é o problema.
Não existiu um “momento idílico” das redes. Redes são catalisadores da convivência humana. Seu encantamento não era pelas redes, e sim pelas pessoas. E, na verdade, a gente vai mudando de rede não por causa delas, mas pra procurar pessoas melhores.
O problema é que a gente não muda. A gente só “desprioriza”. As redes de contatos, via de regra, são preciosas demais para simplesmente descartarmos. Nós despriorizamos, perdemos engajamento, mas mantemos as redes porque sempre fica a sensação de “quando quiser entro em contato”.
Não, a gente nunca entra. E quando a gente vê, está mandando e-mail, usando Facebook, WhatsApp, Instagram, (e stories, tudo tem stories), LinkedIn, Twitter, fazendo live no Twitch e vendo vídeo engraçado no TikTok. E a gente não vive mais. Porque está todo mundo insatisfeito e procurando uma rede melhor.
Mas quem faz as redes são as pessoas. É cada vez mais sabemos o quanto os relacionamentos interpessoais estão em crise. Porque as pessoas constroem uma forma idealizada delas mesmas nas redes e obviamente não são capazes de sustentar isso.
Daí todo mundo se sente cansado, bravo, irritado, fica vulnerável a discursos de ódio diversos, é quase que patologicamente afetado. Enquanto isso, uns bilionários seguem ganhando com especulações de diversos tipos.
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