Então, galera, lembra daquela galera que é sinônimo de picaretagem e parasitou todos os governos desse país, de FHC ao Temer? Aquela galera que fez política virar sinônimo de picaretagem?
ESSA GALERA é a base do Bolsonaro. Mas dessa vez é diferente. Vou explicar:
Os partidos do centrão sempre se caracterizaram por ficarem atrás das cortinas, sugando o dinheiro público em esquemas escusos enquanto o partido que estava no poder aparecia, para o bem e para o mal.
Com Bolsonaro, isso mudou: eles subiram no palco e viraram protagonistas.
Sendo justo, o centrão só assumiu esse papel inédito de protagonismo depois que Arthur Lira assumiu a Câmara, e que o centrão percebeu que o bolsonarismo “raiz” é incapaz de tocar qualquer coisa. Daí, ofereceram sua “expertise” em troca da chave do cofre, e arrombaram o cofre.
“Ah mas você está dizendo que Bolsonaro é honesto?” Jamais.
Só que Bolsonaro sempre foi do baixo clero e da milícia. O histórico dele é o de picaretagens rasteiras, como a rachadinha. Ele nunca teve acesso de fato à chave do cofre. E quando teve acesso, obviamente se lambuzou.
Pra desviar dinheiro e financiar campanha eleitoral os caras fazem esquemas complexos, que na visão deles são win-win: quando você superfatura um ônibus mas entrega, você ganha dinheiro pra gastar em caixa 2 ao mesmo tempo em que faz seu nome como “quem trouxe ônibus pra cidade”.
Querendo ou não, isso cativa muito eleitor. Fora das redes sociais, quase ninguém se importa se o político rouba enquanto ele for “realizador”. Muita gente, nas pequenas e médias cidades, se sustenta no poder a vida inteira entregando pequenas obras. O centrão sabe disso.
Então essa vai ser a estratégia do centrão pra ganhar voto Brasil afora para Bolsonaro. O que importa do orçamento secreto é que ele direciona investimentos locais, e por isso é tão disputado por deputados e senadores: são esses investimentos locais que fazem o nome do congressista.
O centrão está mais preocupado com a própria reeleição do que com a reeleição do Bolsonaro. Por isso estão superfaturando ônibus e gastando bilhões em emendas de relator pra viabilizarem essas obras municipais, e, assim, se colocarem como “realizadores” para suas bases eleitorais.
Os esquemas de corrupção do Bolsonaro, por sua vez, são rasteiros, e isso atrapalha o centrão. Um exemplo é o dos pastores pedindo propina em Bíblia e barra de ouro para prefeitos. Aquilo é bolsonarismo puro, arrecada menos dinheiro que os esquemas do centrão e é mais arriscado (tem mais pontas soltas, é mais fácil de denunciar e de provar)
Por isso o centrão precisou assumir o protagonismo dessa vez. Em todos os outros governos desde FHC, os partidos tinham bons operadores da máquina, caras que viabilizavam investimentos e distribuição de recursos.
Bolsonaro deixou isso com os militares, que são péssimos nisso.
E os militares são péssimos porque sempre foram um enorme antro de incompetência. Nunca foram cobrados de nada, nunca tiveram qualquer tipo de transparência. É isso desde sempre: na ditadura, se uma obra não saísse, eles simplesmente proibiam o assunto é sumiam com quem insistisse em falar sobre. Agora eles não podem sair sumindo com pessoas por aí, mas a incapacidade deles de gerir qualquer projeto não mudou.
Com a pandemia ficou claro de uma vez por todas que é catastrófico colocar os militares na gestão de qualquer coisa, “realizando”, sendo responsáveis pela destinação de recursos. Os militares do governo Bolsonaro não sabem operar em um ambiente democrático, não sabem prestar contas, não sabem negociar, não sabem nada. E não podiam ficar com a caneta.
Um momento decisivo nessa virada de chave sobre quem mandaria no cofre foi quando Flávia Arruda assumiu a Secretaria de Governo no lugar do Luiz Eduardo Ramos. Foi logo depois da eleição do Arthur Lira. Ali, as articulações para “realizar” começaram a ficar de fato nas mãos do centrão.
Agora começam a aparecer os resultados.
Isso tudo pode parecer péssimo (e é), afinal indica que Bolsonaro vem muito mais forte para essa eleição do que parecia vir.
Sim, de fato: Bolsonaro terá ao seu lado a força de um monte de cabos eleitorais do centrão país afora. Eles controlam a maioria da prefeituras do país, inclusive, o que fará Bolsonaro ter um bom desempenho nas cidades pequenas e médias nessa eleição.
Por outro lado, estamos diante de nossa melhor oportunidade em décadas de colocar os parasitas do centrão na oposição
“Ah, mas eles sempre vem pro governo depois”
Não é tão simples assim. Nos demais governos, eles nunca se posicionaram claramente. Agora, são todos bolsonaristas.
Então, essa eleição não é só uma chance de derrotar o Bolsonaro: é a primeira chance real formar um governo que seja livre desses grupos que são os representantes máximos da “má política”. Algo inimaginável nas épocas de Lula e FHC, por exemplo.
Derrotar Bolsonaro é o nosso grande desafio existencial. A missão de uma vida. Mas também é a grande oportunidade de finalmente defenestrar esses parasitas que sugam os recursos públicos e impedem o desenvolvimento do Brasil desde a época da ditadura, pelo menos.
A hora é agora!
Boa, Leo. Acho que esta postura do centrão o jogou no fogo eleitoral, apesar de que também o credenciou para estar com força no Congresso a partir de 2023. Um novo patamar de desafios que virão para o novo governo. Penso eu que, de toda forma, vale dar uma fraturada nisso aí… um exemplo pode ser o PSD de Kassab.
CurtirCurtir