Eu, Cristão Miserável

Apesar de ser o cristão mais falho do mundo, eu sigo sendo cristão, e nesses últimos anos minha fé tem sido colocada à prova mais do que em qualquer outro período da minha vida. É desesperador ser cristão em um momento histórico em que muitos cristãos, que eu deveria chamar de irmãos, abraçam abominações, apoiando um governo que cultua a morte.

Um texto bíblico que tem me consolado muito nos últimos anos é o do profeta Jeremias, que escreveu para um país destruído, para um povo escravizado na Babilônia, e ainda assim falou pro pessoal “ajudem esse lugar a ser próspero até o tempo de exílio se completar e Deus tirar vocês daí”

Minha maior angústia sempre é em relação a bondade de Deus. Eu me sinto horrível porque muitas vezes eu não consigo enxergar que Deus permanece bondoso em tempos tão tenebrosos. E não enxergando essa bondade eu fico mais vulnerável ao ódio e ao desespero desses tempos atuais.

Eu falo isso mais como desabafo mesmo. Porque muitas vezes eu cedo ao ódio, à falta de empatia, e acabo me tornando uma pessoa irreconhecível para mim mesmo. Uma pessoa da qua eu tenho vergonha. É por isso mesmo eu acabo pedindo desculpas tantas vezes depois. E faço isso não só porque eu preciso de aprovação (e sim, muitas vezes eu sinto que estou agindo como se precisasse dessa aprovação geral, mais um sintoma desse desespero). Faço isso porque questionar a bondade de Deus leva meus pensamentos aos caos. Eu me sinto mal mesmo.

Eu só estou falando isso porque acordo todos os dias desesperado para ser uma pessoa melhor para todos os que eu amo e muitas vezes não consigo, o que faz com que eu me sinta ainda pior. Mas eu vou continuar tentando. Deus é bom e vou continuar fazendo o melhor mesmo nesse “exílio”, nesse “deserto”, nesse período que desafia a nossa capacidade de ter esperança.

Que o Espírito Santo continue aquecendo nossos corações e que Cristo seja o guia cotidiano de nossas ações.

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3 comentários sobre “Eu, Cristão Miserável

  1. Espero que até 2023 esse governo pelo menos não consiga levar a nossa fé (já que já levou um monte de direitos, a proteção ambiental e tudo o mais em que pôde botar as mãos sem ter que responder por isto).

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  2. Espero que seu interior encontre a medida acertada de maturidade pra lidar com essa situação tão… estranha (acho que é essa a palavra). Passo por situação semelhante. Sinto-me desencaixado nas ideias e no espaço e acredito que Jesus responde com compreensão e bondade.
    Num desabafo a uma amiga, escrevi ontem pra ela “(…) eu quero ser um ser humano normal, do jeito que Jesus viu e amou, insuficiente, fraco, frágil, contraditório, necessitado da graça e que, por não ter absolutamente nenhum atrativo que Deus pudesse elogiar (seja no passado, no presente ou no futuro) só pode viver agradecido e consciente dessa generosidade inexplicável da parte de Deus. Por sentir isso, eu me incomodo profundamente com manifestações insustentáveis de (pretensiosa) superioridade moral de evangélicos frente aos “de fora”, enquanto apoiam (em silêncio ou não) a disseminação do uso de armamentos ou os maus-tratos às pessoas LGBT. Ou tentam empurrar os próprios valores religiosos goela abaixo da sociedade – que não confessa a mesma fé – enquanto pedem oração pelos irmãos perseguidos em países muçulmanos que fazem lá o mesmo que os crentes daqui, só que com uma violência que vai além da simbólica”.
    Também to entando aprender com o Espírito da consolação e da reconciliação. Afinal, são meus irmãos.
    Que o Pai te ajude, Leandro!

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