Hoje, eu divulguei um novo vídeo no canal do Youtube:
Infelizmente a política nacional passa por um momento conturbado, o que faz com que conteúdos lançados pela manhã pareçam anacrônicos à tarde. Especialmente nessa semana, em que Bolsonaro literalmente tentou dar um golpe, chamando pessoas para “derrubar os Ministros do STF”. Se estivéssemos diante da “teoria do domínio do fato”, usada pelo STF no Mensalão, é provável que Bolsonaro já teria sido preso. Mas a leniência com governantes de direita chega a fascinar, de tão incrível.
No vídeo em si, a argumentação girou em torno do fato de que Bolsonaro está desesperado para não ser preso, e para isso não tem nenhum problema em destruir todas as instituições que estão ameaçando a sua liberdade e a liberdade de seus filhos. É assim que milicianos (ou mafiosos) agem, afinal: eles são a lei. Eles compram policiais, juízes e promotores, e, se o agente público não é extorquível, ele é substituído ou eliminado. É assim que esse tipo de organização, notoriamente criminosa, sobrevive. E se há um tema do qual Jair Bolsonaro entende é esse: o de como funciona uma milícia. Ele é um analfabeto funcional a ponto do Temer ter que escrever uma carta para ele buscando um acordo com o restante da República, mas de milícia Jair e seus filhos entendem terrivelmente bem.
Só que Brasília não é uma área de milícia. Não estou dizendo que não existem crimes por lá, mas as regras não são as praticadas em comunidades afastadas nas quais os serviços públicos são precários. Ainda que a estratégia de substituir atores seja largamente praticada (a PF e as Forças Armadas que o digam), existem atores que não podem ser substituídos sem um esgarçamento institucional, e os Ministros do STF estão entre esses atores. Por isso, Bolsonaro convocou seus militantes fanáticos para angariar alguma legitimidade nessa tarefa, argumentando que “essa é a vontade do povo”. E por que essa necessidade tão urgente? Porque Bolsonaro teme que os Ministros do STF emitam ordens de prisão para seus filhos (ou, no limite, para ele mesmo).
Essa é a chave que explica tudo. E, para ter legitimidade, Bolsonaro convocou os militares, os evangélicos que ainda o apoiam e o agronegócio, como agregador de pautas conservadoras. Os militares que marcaram presença foram essencialmente os da reserva, enquanto os evangélicos compareceram mais em São Paulo do que em Brasília. O agronegócio trouxe muita gente de pequenas cidades, mas o fato do STF bloquear contas na véspera da manifestação atrapalhou os intentos de uma manifestação mais cheia.
Além disso, o agronegócio mobilizou caminhoneiros pelo país. Essa mobilização, que ganhou ares cômicos depois que Bolsonaro recuou, acabou mostrando como o presidente não tem controle nem mesmo sobre seus próprios militantes. A presença de Temer, no fim, foi uma tentativa de apaziguar os ânimos entre os presidente e o STF, no melhor estilo “conversem aí até se entenderem”. Pelos sinais do STF (a manutenção da prisão de Daniel Silveira, por exemplo), essa tentativa de pacificação falhou por ora.
O que eu quis colocar no final desse vídeo em específico foi a necessidade de criação de uma grande coalizão para derrubar Bolsonaro. Essa coalizão não depende de um ou de outro protesto, mas de uma sequência de ações de atores políticos e institucionais para reafirmar a intolerância ao DNA golpista do bolsonarismo. A democracia brasileira, que nunca foi exatamente um exemplo de pujança, está combalida e precisa que atores de coragem se levantem e ajudem a reconstruir o Brasil no pós Bolsonaro.
Assistam o vídeo, inscrevam-se no canal. Quando eu resolvi produzir conteúdo foi para, de alguma forma, ajudar nesse processo de superação do bolsonarismo, mesmo sabendo que eu sou completamente irrelevante perto dos grandes atores políticos desse país. Não porque eu quero notoriedade ou coisa do tipo, mas porque eu quero que um dia minhas filhas tenham orgulho em saber que eu fiquei do lado certo nessa história.
Conto com vocês para essa mensagem chegar ao máximo de lugares possível.
Será que ele conseguindo um acordo pra não ser preso, não garanta aceitar a inegibilidade e deixe que que a direita tradicional tente se virar pra impedir a eleição do Lula?
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