Eu respeito as análises dos grandes cientistas políticos. A aula de sociologia de Marx do Marcos Nobre inclusive é um absurdo de boa.
Mas nenhuma análise de força do Bolsonaro pode deixar de levar em conta que há muita gente:
1) Enlutada
2) Passando fome
3) Sem casa
Essas três experiências não são esquecidas com uma recuperação econômica. São experiências traumáticas que deixam marcas pela vida inteira, e é cada vez mais forte nesses grupos a percepção de culpa do Bolsonaro, especialmente após a CPI.
E nem culpo os analistas. Caras como o Marcos Nobre e o Safatle são geniais e se guiam pelo que já tiveram de experiência, o que é o recomendado em situações normais. Mas o fato é que vivemos uma situação muito anormal, dessas que nossos netos vão perguntar com curiosidade um dia.
Nessa situação anormal, o rasgo que Bolsonaro fez no tecido social brasileiro não cicatriza até a eleição, tanto na esfera macro (destruindo instituições) quanto na esfera micro (destruindo famílias, redes de apoio local e promoção de bem estar social)
Por isso o autoritarismo do Bolsonaro também.
Ele sabe que não ganha. Sabe que cometeu crimes imperdoáveis contra muita gente. Sabe que vai ser odiado incondicionalmente por grande parte do país. E não tem benefício de último ano que mude isso. Benefício não ressuscita familiar e nem reestrutura sozinho a vida de quem perdeu sua casa ou ficou sem ter o que comer.