O que está acontecendo no Brasil desde 2019 não é aumento sazonal e casual de produtos estilo o que aconteceu com o tomate.
A gente tem que apontar o culpado: alta do arroz é fruto direto da desarticulação da política de segurança alimentar por parte do governo federal.
Quando você desarticula a política de segurança alimentar você afeta diretamente o controle do acesso e da disponibilidade de alimentos. Acesso tem a ver com ter comida pra todo mundo comer em quantidade adequada e preço justo. Disponibilidade significa ela estar no lugar certo.
O governo desarticulou tudo isso, desativou na prática os Conseas, abandonou o SISAN, e começaram a acontecer crises de acesso e disponibilidade de alimentos porque já não existiam diretrizes de produção e destinação dentro de um sistema. Daí cada um faz o que quer.
Começou com a carne ano passado. Com um governo incapaz de dar garantias e promover estabilidade, os produtores não viram restrições em inflacionar o mercado interno pra vender pra China. Mas agora está geral.
Tem o fator pandemia, claro. Teve um inverno mais seco que a média no Sul e Sudeste. Mas isso só arrebentou a cadeia produtiva porque o governo desarticulou a política de segurança alimentar, as redes de proteção
Daí agora pedem patriotismo aos mercados.
Vai rolar sim, continuem esperando.
Isso sem contar o fator político de perseguir pequenos agricultores familiares, que não vem de hoje mas se intensificou no governo Bolsonaro. Favorecimento aos grandes empresários em detrimento do pequeno produtor. Vejam que em safras como a do arroz a participação familiar diminuiu muito entre os Censos Agropecuários de 2006 e 2018.


Com sufocamento da agricultura familiar e dependência de grandes grupos cada vez menos integrados na politica nacional de segurança alimentar (porque ela foi desarticulada), crises como a do arroz infelizmente serão mais regra do que exceção. A cadeia está fragilizada ao limite. Qualquer intempérie faz ela se romper.
E há um último fator decisivo: os armazéns da CONAB tinham a prerrogativa de armazenar alimentos e de regular os preços de mercado nesse sentido, evitando grandes discrepâncias. O que o governo fez? Fechou vinte e sete desses armazéns.
Então, lembrem: o preço do arroz não é casual. É fruto da (não) política de segurança alimentar do governo Bolsonaro.
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