Pobreza, Renda e Cidadania em tempos de Bolsonaro

Uma das maiores mentiras que setores da esquerda andam espalhando nas redes sociais pra justificar seu derrotismo é a mentira “o pobre é conservador”.

É coisa de quem nunca conviveu com a pobreza e vive de dar opinião de orelhada.

Aliás, a própria estigmatização do pobre soa elitista. Se as pessoas querem fazer um recorte de renda e territorial (essas coisas normalmente estão associadas nas grandes cidades) você vai perceber que antes de tudo os menos favorecidos são diversos: tem gente mais conservadora, tem gente progressista, em quem queira “subir na vida”.

O que une esse pessoal é o acúmulo de vulnerabilidades: insegurança alimentar, dificuldade de moradia. A resposta que a sociedade capitalista sempre deu pra essas pessoas é uma só: dinheiro. Pra elas, a respostas sempre foi negativa: vocês estão excluídos por não terem dinheiro.

É por isso que programas de renda básica são tão importantes – eles tem a enorme ambição de tirar TODO MUNDO dessa zona de exclusão, que é multidimensional. Poderíamos enumerar efeitos aqui em TODAS as áreas: saúde, segurança, educação, trabalho, cultura, mobilidade.

Quando você dá dinheiro, do ponto de vista da política pública, você ataca todas essas exclusões, porque fornece de uma maneira muito fácil de operacionalizar essas capacidades que as pessoas vulneráveis não tem, e isso gera um efeito de inclusão positivo, gera pertencimento.

Qual é o grande ponto negativo dessa política? É que essa inclusão se dá na escala individual, o que geral pessoas totalmente sem consciência de sua cidadania. Qual é a opção a isso? Gerar essa sensação de pertencimento através de um pool de serviços públicos de qualidade.

Só que:

1) Isso dá mais trabalho

2) Normalmente fica difícil caber no orçamento programas de renda básica e investimento em serviços de qualidade ao mesmo tempo, especialmente em países em que a renda não é muito alta.

Daí na prática não fazemos nenhum dos dois direito.

O ideal seria investir em serviços que gerassem essa inclusão imediata. É fácil? Não, ainda mais com tanta gente querendo destruir o estado. Mas é necessário. De forma inteligente, inovadora e alinhada aos pressupostos do mundo atual, que incluem a preservação do meio ambiente e a adaptação ao novo paradigma informacional.

E lembrem-se: o grande setor da sociedade interessado em consolidar a percepção de que o pobre é conservador é o bolsonarismo. Eles falam de “valor moral do pobre” todo dia, sem exceção. Se a esquerda aderir a esse discurso de modo fatalista aí a percepção se consolida mesmo.

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