Os cristãos deviam ser os melhores políticos do país, fazendo absolutamente tudo pelos outros sem restrição alguma, mas são os piores, fazendo tudo pra si mesmos sem nenhum escrúpulo.
Porque o cristianismo é isso: ou você conhece e pratica de verdade, se doando inteiramente pelos outros apenas pelo fato de que o outro é tão humano quanto você, ou você se torna uma pessoa ainda pior, achando que tem o direito de subjugar os outros em nome do seu próprio direito.
E o segundo grupo só faz isso porque se apropriou de um conjunto de regras sem se apropriar da sua essência: o amor. O amor é a essência que abre o entendimento sobre o que é ser cristão, mas também é algo mais importante: é a substância do qual somos feitos e a maneira que Deus escolheu para manifestar a Sua natureza ao mundo.
Agora, imagina a diferença que nós faríamos no país se nós tivéssemos 100 a 150 políticos que se dizem cristãos pensando o tempo todo em usar toda a capacidade e o poder de representação obtido com os votos para fazer uma sociedade melhor em amor.
Mas os políticos que foram eleitos escolheram o caminho contrário, em sua esmagadora maioria: o de usurpar o direito dos outros, o de ter a presunção de achar que alguem não é “próximo”, no sentido bíblico, o de reivindicar direitos que oprimem pessoas que são amadas por Deus de forma exatamente igual a eles.
Eu sempre achei que ciência e fé não são incompatíveis porque ambas compartilham do mesmo cerne: uma profunda autocrítica e a certeza de que nunca estaremos certos. Na ciência, a incerteza nos leva a experiências mais complexas e a perguntas mais profundas. Na fé nos leva ao conhecimento mais profundo do amor de Deus enquanto elemento motivador de cada atitude nossa.
E nisso ciência e fé compartilham um objetivo comum: o de sermos melhores como um todo, como humanidade, como sociedade. O que muda é só o método através do qual chegaremos nisso.
Mas não. As incertezas que nos impulsionam viraram certezas que sufocam. O amor que nos impele a fazer tudo pelos outros foi trocado pela noção de que as coisas que deveriam ser direito de todos sao um privilégio nosso, e como privilégio não podem ser compartilhadas.
Nosso amor virou corporativismo. E corporativismo não é nada além da manifestação coletiva de interesses individuais. Corporativismo pressupõe que alguém sempre vai ficar de fora. O amor não exclue ninguém. Pelo contrário, faz com que nós nos doemos mais e mais pra poder satisfazer as necessidades de absolutamente todo mundo que passar pela nossa vida.
Passamos décadas cultivando o corporativismo disfarçado de amor. A presunção disfarçada de humildade. A reivindicação de direitos disfarçada de cessão de direitos.
Agora, ao menos, tudo está às claras, e temos a oportunidade de reconhecer nossos erros e nossa insignificância. Porque a colheita das coisas ruins que plantamos é inevitável. Mas sempre virá uma nova safra, sempre poderemos plantar coisas novas. Daqui um tempo, essas coisas novas brotam e geram fruto. E, se nossas escolhas forem boas, as coisas começam a melhorar.