Um dos principais problemas do mundo corporativo é traduzido pelos gurus da área como “falta de proatividade”. Em um resumo bem simples, você é proativo quando procura coisas, faz além do que está designado, não é um mero receptor de ordens.
E é necessário ressaltar que bons profissionais, hoje em dia, não são aqueles que resolvem problemas. Não é mais necessário o especialista em apertar porcas com torque de 35 kgs. Esse especialista, que em sua função diz que o parafuso fica frouxo apertado com 30 Kgs e empena com 40 Kgs, conta com um conhecimento enorme, mas que é útil apenas para um único processo. A sociedade precisa de pessoas multifuncionais, que resolvam vários tipos de problemas e não tenham medo de investigar e descobrir soluções até então desconhecidas.
E aí entra o assunto do texto.
Por que a maioria das pessoas, nos setores público e privado, ainda trabalham sob pressão?
Existem diversos motivos. Chefes sacanas e que consideram seus empregados como propriedade, pessoas frustradas com a vida, em constante mau humor, falta de motivação, e mais um monte de motivos que já foram enumerados por diversos especialistas em Recursos Humanos, aos quais não cabem repetição.
Mas um motivo não costuma ser citado por especialistas: a paralisia frente ao desconhecido.
A paralisia frente ao desconhecido é uma espécie de bug do ser humano. É uma condição derivada do tempo em que os humanos eram nômades e saiam atrás de alimento, mas também corriam diversos riscos durante o processo.
Tal mecanismo foi se aperfeiçoando de geração em geração, assim como os mecanismos de controle da sociedade. Hoje, essa paralisia frente ao desconhecido é catalisada por uma sociedade que utiliza o medo como arma política, como já citado diversas vezes nesse espaço. O medo é um elemento presente no nosso DNA, que protegeu a humanidade por diversas vezes de coisas que poderiam representar risco à sobrevivência da espécie.
E essa paralisia chega às empresas, estejam elas no setor público ou privado.
Funciona assim: as pessoas tem problemas para resolver em seus empregos. Analisam o problema. A reação normal e adequada, para qualquer profissional, seria procurar ajuda em caso de problemas. Mas, infelizmente, isso não acontece na maioria dos casos.
O ambiente nas empresas e governos em geral é tão degradado que as pessoas tem vergonha até de pedir ajuda para as outras. E, não sabendo resolver seus problemas, paralisam-se em frente a eles, até uma cobrança mais incisiva. Essa é, no mercado de trabalho, a paralisia frente ao desconhecido. Que é evitada com algumas estratégias equivocadas:
1) Evitar formalmente o desconhecido: é assim que se formam especialistas em “apertar a porca de 35 Kgs de torque”. E é assim que a maioria das empresas, de inspiração fordista, ainda age. Evita-se a paralisia evitando-se o desconhecido.
2) Rotatividade: quem se paralisa não presta para muitas empresas, e, portanto, deve ser substituído. Nada mais equivocado.
3) “Consulte fulano, ele trabalha há 38 anos com isso”. Pessoas com reconhecido conhecimento são úteis. Mas pessoas passam e se vão. O conhecimento delas vai junto, se não é repassado plenamente.
A solução é sempre disseminar conhecimento. Espalhar uma memória técnica é essencial. E isso não só em empresas, mas na vida.
Parece óbvio, mas não é: a paralisia frente ao desconhecido só será superada com… o conhecimento. Conhecimento é um vício: quanto mais se adquire, mais se quer. E, como em vários textos, a conclusão final é uma só: o medo só pode ser superado pelo conhecimento. Quem não busca aprender está mais propenso a ser vítima de atrocidades e de governos e chefes autoritários.
A liberdade e a justiça são valores essenciais. E a ânsia de liberdade, assim como a noção de justiça, são decorrências diretas de quando você faz uma opção sincera por aprender. E, quando você faz isso, dá um enorme passo para superar a paralisia frente ao desconhecido.