Vencer. Está aí um negócio que todos querem. E, para todos os efeitos, a vida é que nem um grande jogo de futebol.
Mas a moda hoje é a vitória fácil, a vitória fabricada, a vitória fast-food pré-moldada, em que você joga em casa, contra algum adversário pereba. E vira um fenômeno de marketing depois de fazer 5 a 0, dar entrevistas babacas e virar amigo do apresentador do Globo Esporte.
Pegar atalhos está na moda. Cortar caminhos, dar jeitinhos, se sujeitar à política escrota de puxar o saco dos outros para galgar valores na vida, como se a vida fosse uma empresa, como se a lógica da vida desse um número de vagas limitadas para a felicidade.
Eu não quero nada disso. Eu quero vencer fora de casa, de virada, com dois ou três jogadores a menos, o juiz roubando contra e a torcida adversária xingando a mãe e jogando saquinho de mijo, em uma tempestade num gramado lamacento. Quero superar todas as dificuldades, uma a uma, porque a vida não é fácil e não privilegia ninguém.
E, mais que isso: quero vencer jogando como um time. Não quero vitórias individuais, notoriedade. É mais importante fazer feliz quem está ao meu lado. E é fácil identificar: está ao meu lado quem odeia a injustiça, a arbitrariedade, quer um mundo em que todos tenham seus direitos e em que não haja repressão, de nenhuma espécie. Um mundo em que as pessoas se entendam e pensem nas outras primeiro. Um mundo em que as pessoas saibam que a felicidade de todos é mais importante que a felicidade individual.
As melhores vitórias são as mais difíceis. Mas, no final, sempre valem a pena. É hora de lutar e vencer juntos, de ultrapassar limites, de ir mais longe, de perseverar. Ainda há esperança enquanto houver quem lute pelas mesmas causas que nós.