Qual é o esquema tático e a postura de jogo da sua vida?
Porque a vida é como o futebol. A medida que aprendemos, acabamos mudando os esquemas táticos durante nossa existência e nos adaptando às situações.
No começo, somos a prova viva de que existe bobo no futebol sim. Não sabemos nada, não entendemos nada, e seguimos cegamente os conselhos dos mais velhos para irmos melhorando aos poucos. Afinal, sabemos que não podemos lidar de frente com eles. O esquema tático é aquela coisa de 3ª série, todo mundo correndo atrás da bola.
Aos poucos, vamos crescendo, e lá pela adolescência, adotamos a mentalidade irresponsável das seleções africanas. O importante é o espetáculo, o ataque, afinal nós aprendemos a jogar e temos ginga, malícia, malemolência. Mas deixamos buracos na nossa retaguarda (DE FORMA ALGUMA literalmente, vamos deixar isso claro) e acabamos perdendo mais do que ganhando por causa disso. Você tem quatro zagueiros, um volante, três meias, mas na prática todo mundo é atacante.
Com o tempo, vamos arrumando a defesa e começando a armar uma retranca linda. Estamos cansado de apanhar e começamos a nos defender melhor. Acabou o encanto e a malemolência, mas somos infinitamente mais efetivos. Jogamos no 4-5-1, com dois volantes brucutus protegendo o meio e todo mundo sendo obrigado a marcar.
Com o tempo, a torcida pede, e nós mesmos nos sentimos obrigados a jogar mais bonito. Tentamos conciliar um futebol aguerrido com qualidade de jogo. Armamos o time no 4-4-2, sem invenções, mas investimos muito em treino e jogadas ensaiadas, dando mais liberdade criativa para o meio de campo. Passamos a sonhar mais alto nas competições em que disputamos.
Com o tempo, criamos um esquema de jogo próprio. Pode ser baseado na habilidade dos jogadores (Brasil), no toque de bola envolvente (Holanda e Espanha), na aplicação tática aliada à objetividade (Alemanha), à defesa sólida como base do time (Itália), a garra dos jogadores (Uruguai), ao esquema conciliando força física, técnica e contra-ataques mortais (Argentina), ou até em outras coisas menos usuais, como o futebol científico (Rússia/Ucrânia).
Ou pode ser nosso próprio esquema. E o fato é que independente disso dar certo, um dia começamos criar parcerias a ter pessoas que nos imitam e aprendem conosco as lições que tomamos na vida. Essas pessoas podem seguir o que ensinamos ou não, aprender o que falamos ou não. Mas com certeza seguirão o mesmo rumo e aprenderão com os erros.
Até o dia em que finalmente nosso esquema tático estará superado e seremos apenas uma lembrança. Você pode ser lembrado como um grande técnico, um Rinus Mitchels da vida, pode ser lembrado como um técnico perdedor, ou, se não arriscar e não fizer nada, pode simplesmente cair no esquecimento, sem ter feito nada digno de nota.
A vida é um eterno ciclo. Como no futebol, as coisas mudam, pessoas e times vem e vão, mas só alguns marcam história. E os que marcam história e deixam sua marca são sempre os que tem coragem de ousar e fugir do usual.
Se nós levarmos nossa vida toda como pessoas normais, sem atitudes arriscadas, pouco usuais, que mudem o rumo dos jogos, seremos condenados ao esquecimento quando morrermos. Se formos além do usual, fizermos diferença na vida das pessoas, sairmos do óbvio e tentarmos inovar, podemos acumular vitórias e derrotas, mas seremos lembrados por tentarmos mudar algo.
Portanto, esqueça o conformismo. A grande certeza de sua vida é a de que você deve estar mudando, aprendendo e se aprimorando sempre. Um dia você vencerá, um dia você será lembrado.
E você? Qual é o esquema tático da sua vida?
Uma coisa meio Duque de Caxias. Perdendo semana sim, semana também. E muito bom o texto, Leo.
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Muricybol
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