A realidade e o futuro da educação estão interligadas.
Como já percebemos, é necessário um trabalho homérico para modificar a educação no Brasil. No entanto, isso só será percebido no decorrer de muitos anos. É como instalar Universidades: você só vai conseguir a mensurar o impacto que causou a instalação da Universidade alguns anos depois, quando os primeiros alunos saírem formados.
Mas fica uma questão em aberto: e os cidadãos que já passaram pelo ciclo escolar e foram formados de forma deficiente? Não merecem uma segunda chance?
O maior mérito de qualquer governo é saber admitir que errou. Sim, nós erramos, não demos a prioridade que deveríamos para a educação, não fomos bons o suficiente. Mas dá para corrigir isso. Com muito trabalho, com planejamento bem realizado, diagnosticando os problemas nas esferas micro e macro, e tornando a educação a a maior prioridade do país nas próximas gerações.
Não adianta diagnosticar sem soluções, no entanto. O Brasil deve fazer opções políticas importantes nos próximos anos. De exportador de commodities, precisa passar a ser exportador de tecnologia. Para isso, precisamos priorizar a formação de técnicos, engenheiros e cientistas das mais diversas áreas, especialmente das áreas de intensivo conhecimento científico, que produzem estudos de vanguarda.
Também precisamos rever nosso sistema de patentes, para adequá-lo às necessidades do século XXI. É uma discussão longa, complexa, e que não será resolvida aqui. Mas faz parte de todo o “direcionamento” que a educação no Brasil deve ter nos próximos anos.
Educação deve estar ligada, também, à Política Industrial. Deve-se planejar quantos técnicos, engenheiros, médicos, advogados, professores e cientistas o Brasil precisa formar para os próximos anos. E, com base nas necessidades da política Industrial e da política científica, as instituições de ensino devem diecionar carreiras, oferecendo “aperitivos” adequados desde cedo, para que diminua a dúvida do aluno, às vésperas da graduação, sobre a graduação que quer cursar.
O modelo de graduação deve ser modernizado também. É mais racional fazer algo genérico, com conhecimentos que serão utilizados a vida toda, do que passar para os alunos uma quantidade imensa de conhecimentos específicos que, no espaço de cinco ou dez anos, estarão desatualizados. Para isso existem as especializações e os cursos de formação contínua. Mesmo porque uma pessoa não precisa necessariamente fazer a mesma coisa a vida toda. E, com uma formação básica, fica muito mais fácil fazer novas especializações, em um período menor de tempo. O sistema já existe em algumas Universidades Federais do país, e deve ser aperfeiçoado para que o Brasil forme profissionais de excelência.
Precisamos de formação básica de qualidade, de formação superior de qualidade, de cientistas e de profissionais qualificados no mercado. Mas, antes de tudo, precisamos desenvolver, na população, a ânsia pelo conhecimento, o desejo de sempre aprender mais, de sempre fazer mais, de aprender continuamente, e fazer desse aprendizado um instrumento de desenvolvimento, utilizando-o como ferramenta para produzir inovações e tornar a vida das pessoas melhor.
A educação é um instrumento de salvação pessoal, de formação de caráter. O conhecimento é a melhor arma para a humanidade. Sua disseminação não tem volta. O desenvolvimento de um país deveria ser medido pela quantidade de conhecimento que as pessoas têm, e não pelas riquezas que elas produzem. A maior riqueza que uma pessoa pode produzir é o seu conhecimento.
E, nisso, temos um longo e penoso caminho a percorrer ainda.