Pós-eleição

O país se livrou do Serra. Isso dá alívio.
Nos próximos quatro anos veremos um fenômeno importante acontecer: a diminuição da importância da figura do presidente. E isso não é ruim para o Brasil. Pelo contrário, é muito bom. E para isso acontecer essa essencial essa vitória da Dilma hoje.
O governo do Serra seria o “governo José Serra”, no sentido personalista da palavra. Serra é um político à moda antiga, no sentido jocoso da palavra. No entanto, Serra é um político à moda antiga sem carisma, que é algo absolutamente fatal para sua carreira.
Dilma está envolvida com um partido igualmente corrupto, mas é uma política moderna. E mais: é uma técnica. Tem um olhar técnico para o Estado, está mais preocupada com a gestão pública do que o José Serra. O Serra pensa a gestão pública como ferramenta de marketing, a Dilma, como quadro técnico, está mais preocupada como as coisas evoluem e como os projetos são executados.
Tivemos oito anos de governo FHC, com um modelo econômico que mostrou-se equivocado no Brasil. Com doze anos na mesma diretriz, Dilma deve desenvolver, dentro do projeto brasileiro do PT (e daí o mérito também é do partido, que tornou-se um laboratório de experiências sociais bem-sucedidas nos anos 80 e 90, que se tornaram a base do programa de governo do Presidente Lula), novas medidas para consolidar o fortalecimento da indústria nacional, do favorecimento ao parque produtivo do país e do investimento em educação de base e na erradicação da miséria, que deve aumentar consideravelmente com os dividendos do pré-sal.
Só que Dilma não tem o carisma de Lula. Ela não vai conduzir projetos sendo simpática e carismática, como fez Lula nesse oito anos. Então, ela deve valorizar a capacitação e a competência técnica de seus servidores para tornar-se conhecida como uma “tocadora de projetos”. Ela terá sobre si o peso de fazer o país andar de maneira mais forte do que com o Lula. Isso é óbvio, e acho que esse tipo de dilema ela administra bem.
No final, o presidente vai se tornar menos importante do que o projeto político em si. E isso é essencial para o Brasil caminhar com as próprias pernas nos próximos anos. é uma contradição, mas esse governo Dilma pode representar a modernização e o amadurecimento da política nacional. Mesmo que esse amadurecimento seja, de certa forma, casual.
Há riscos. O clima político no país está animoso, e o próprio Serra, em seu discurso, teve dificuldade em reconhecer a derrota. Mas o que foi derrotado foi um modelo de fazer política. Uma política de quadros, baseada em obras pontuais, muito marketing e glorificação pessoal, sem nenhum projeto para o país. Baseada no favorecimento a um grupo específico próximo ao poder, detentor do poderio econômico.
Mas eu tenho fé no Brasil. Acho que o governo Dilma pode e deve dar certo, para o bem do país. O Brasil merece um bom governo depois do desgaste dessa campanha. Espero que a situação, a oposição, o judiciário e a imprensa contribuam para isso.

3 comentários sobre “Pós-eleição

  1. É Leonardo, respeito sua opinião, porém descordo por completo dela.Como Dizer que o Serra é um político sem carisma, alguém que foi eleito por voto de maioria como vereador, depois Deputado, Senador, Prefeito e Governador em uma cidade como a de SP onde encontramos as principais figuras políticas do Pais e mesmo concorrendo com elas foi vencedor?Como podemos dizer a política econômica do FHC foi equivocada se estabilizou a moeda e o Lula nada mais que somente manter?Como podemos acreditar que a Dilma será melhor para o pais, se não ha conhecemos?O Lula vez uma política de distribuição de renda baseada no repasse de verba as pessoas mais pobres, mais não fez uma política de crescimento a essas famílias, tornando assim elas eternamente refém das esmolas dadas pelo governo…É Leonardo, não concordo em absoluto com sua posição.Abraço viva a democracia… Exposições de idéias livres e sem censura…

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  2. Concordo que existem mais perguntas do que respostas em relação à Dilma. E devemos sempre fiscalizar e cobrar o novo governo.Porém, não há tanto motivo para pânico. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.Dilma continuará a política do Lula, e imprimirá uma marca própria ao governo. Nada além disso. Essa eleição foi um capítulo triste na história política do país, tendo a discussão política ficado em segundo plano.Os programas de transferência de renda do governo são apenas reflexo de uma política de bem-estar social típica dos países europeu, em que você constrói uma coortina de proteção para impedir situações extremas. Deve ser melhorada, mas nunca deve ser encarada como substituição ao trabalho.Agradeço sua opinião. É bom debater, principalmente quando as pessoas discordam de suas idéias.Um abraço!

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  3. Leonardo, valeu…Conversando, expondo idéias que chegamos mais perto do “ideal” de governo, que nada mais é que fazer a vontade de todos os membros da nação e não a vontade própria dos governantes.Parto do principio que é do interesse de todos, ricos, pobres, empresários, banqueiros, classe media, que se diminua a desigualdade, por que com essa diminuição teremos diversos benefícios sociais, principalmente a diminuição da criminalidade e aumento de cidadãos capazes de consumir no mercado.Porém, a diminuição da desigualdade vai muito alem de dar uma bolsa família, implica em criar condições de crianças freqüentarem escolas, adolescente aprenderem uma profissão; Vai muito alem de prover hospitais, tem que prover saúde, dar vacinas, ter pediatra as crianças, ginecologistas as mulheres e dentista a todos; vai muito alem que dar casa, tem que levar água potável, recolhimento e tratamento de esgoto; asfalto e calçada.Sustentabilidade é uma palavra que está na moda, todos falam, mais poucos vêem o sentido real da palavra. Sustentabilidade é criar uma cadeia que se torne saudável e leve ao crescimento continuo.As famílias devem sim receber uma renda para ter condições de comer, mais devem ter os filhos estudando e aprendendo profissões, isso feito, deve-se ter um local para esses jovens trabalharem, para isso deve ter infraestrutura, estradas, portos, aeroportos, etc, a fim de trazer investimentos privados ao local, acontecendo isso, parte da população poderá virar empresários de pequenos supermercados, lanchonete e etc, pois terá quem consuma, e para que esses empresários sejam criados é preciso dar crédito a eles, e por ai vai… Uma coisa leva a outra e todas levam ao crescimento sustentável de um local, por que fazendo assim em 10, 20 ou 30 anos o local será mais desenvolvido e o povo menos pobre.Perceba que para o crescimento acontecer, tem que ter o início na educação e na formação profissional, e, dentro deste contexto, o bolsa família seria somente uma ferramenta para forçar que as famílias estudarem, e não um programa que visa somente sustentar as famílias.E, este é principal ponto que me faz acreditar que o Serra seria mais viável para o Brasil que a Dilma. A Dilma tende a manter o bolsa família sem os outros investimento necessários, apenas subsidiando a pobreza e não o “ajudando a se ajudar”.Abraço… Vou escrever mais sobre isso no meu blog se quizer entrar lá está convidado.www.desordemdoretrocesso.blogspot.com

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