A Sociedade do Conhecimento necessita de um partido próprio

Desisti da eleição já. Ainda faço uma postagem aqui declarando voto (por formalidade, a maioria já deve saber) até as eleições, mas a discussão se empobreceu tanto que não vale a pena fazer qualquer análise racional sobre o processo eleitoral. O processo está contaminado por uma irracionalidade histérica de parte a parte, proporcionada por acusações ligadas a um dos candidatos. A isca foi mordida. A campanha é de ódio puro, de fofocas e boataria. Não há mais discussão política. Então não cabe discussão nesse post.
Essa postagem é a mais importante e provocadora que já fiz, em minha opinião. Espero que todos leiam com muita atenção meus argumentos, e, se concordarem, divulguem. Se não concordarem comigo, peço sinceramente que vocês argumentem e me digam em quais pontos estou errado.
Por um Novo Partido
A eleição atual, assim como as ocorridas no mundo na última década, encontram-se envolvidas em um vazio ideológico, movido por correntes políticas anacrônicas e pouco adaptadas ao mundo em que vivemos.
As pessoas com menos de 20 anos de idade não compreendem com perfeição as divisões ideológicas partidárias, conceitos como “direita” e “esquerda”,e tendem a ter uma interpretação errônea e paralisada no tempo desses conceitos.
No Brasil, em específico, os partidos têm algumas origens diferentes. A maioria dos partidos relevantes são anteriores ao final da Guerra Fria, e pautados por idéias políticas dessa época. Existem os que cumprem a cartilha neoliberal criada nos anos 70 e 80 pela Escola de Chicago, e existem os que defendem maior intervenção do Estado na economia. Os partidos desse segundo grupo ainda se dividem entre os de orientação trabalhista e os de orientação marxista.
Além destes, existem partidos que atendem demandas pontuais, como o Partido Verde. Que, apesar de importantes, não suprem as demandas da sociedade por novas opções políticas.
E também existem partidos como o PMDB, que é uma junção de tudo o que havia contra a ditadura no Brasil na época da Linha Dura. E hoje utiliza essa estrutura como instrumento de barganha por cargos políticos.
Existem dois fenômenos relevantes na política nacional que explicam o anacronismo dos partidos políticos no Brasil: o personalismo político e o fisiologismo.
O personalismo político foi um dos principais responsáveis por destruir as ideologias dos partidos políticos criados na década de 80. Hoje, exceto nos partidos marxistas radicais, existem apenas resquícios de ideologia. Porque o brasileiro vota muito mais no candidato do que no partido. O próprio sistema eleitoral brasileiro favorece isso. Quando você faz eleições proporcionais com lista aberta, como ocorre no Brasil, a tendência é o eleitor votar no candidato, e não no partido. Daí você encontra espaço para o surgimento de celebridades puxadoras de voto, como Clodovil e Tiririca.
O fisiologismo, por sua vez, é a busca irracional de cargos políticos, que contribui também para o fim das ideologias. Os partidos tornam-se balcões de negócios e se vendem aos interesses governamentais em troca de cargos e para a satisfação de interesses pessoais de políticos profissionais que aprenderam, com o decorrer dos anos, a rodear cargos políticos como urubus rodeiam animais moribundos.
Nesse contexto, a discussão entre direita e esquerda, nos moldes tradicionais, está superada. Não serei inocente aqui de falar que “a história acabou”. Não acabou. Mas a discussão nos termos tradicionais acabou. Não faz sentido falar de direita e esquerda no sentido clássico do termo.
Estamos em uma sociedade nova. Uma sociedade em que a informação está ao alcance de todos, e em que o conhecimento deve ser democratizado, apesar das sucessivas tentativas da mídia de monopolizá-lo. Não existe um partido político preparado para esta nova sociedade, e por isso a mídia tradicional ainda conta com tanto poder de formação de opinião no Brasil.
A sociedade do conhecimento necessita de um partido próprio. Um partido cuja função seja a da democratização do conhecimento e da formação das novas gerações. Um partido que não discuta o país em áreas separadas, específicas, mas que tenha consciência de que todas as áreas têm cada vez mais pontos de intersecção entre si.
Um partido baseado na colaboração, e que contemple três pilares da nova sociedade que emerge da globalização, no século XXI: a transparência, a inovação e a disseminação do conhecimento.

Por transparência, entenda-se não apenas demonstrar ao cidadão o que um governo faz,ou o perfil das contas públicas. Significa dotar de previsibilidade a ação governamental, para que o cidadão não saiba apenas o que o governo está fazendo, mas quais os rumos da ação do governo, aonde o governo quer chegar, quais os seus objetivos finais e o que será feito para esses objetivos serem alcançados.
Por inovação, entenda-se mais do que a busca de novas soluções para problemas recorrentes. Significa que o governo deve ser fomentador do desenvolvimento da sociedade, em todas as suas escalas. O desenvolvimento econômico, social, humano e tecnológico deve ser fomentado pelos governos, e essa deve ser uma das principais funções de um partido político no século XXI. Fazer com que os governos tenham em mente que só eles podem fomentar a inovação na sociedade. Pelo fato de que inovação gera incerteza, e as empresas, em geral, não gostam de arcar com incertezas. O governo, por sua vez, pode fazer isso.
Por disseminação de conhecimento, entenda-se não apenas investir em educação, mas despertar a curiosidade das pessoas. Um partido político, na sociedade do conhecimento democrático, deve utilizar-se de todos os instrumentos possíveis para que o maior número de pessoas possíveis tenha acesso ao máximo de informação e conhecimento.
Conhecimento é a carga de informações que você tem. Inteligência, por sua vez, é o aproveitamento que você consegue dar à carga de informações que você tem. No entanto, existe algo que é fato: quanto mais informações uma sociedade tiver, mais poderá fazer. E deve ser um pilar central para qualquer partido político aumentar a carga de conhecimento que uma sociedade tem. Mas, no Brasil, ninguém faz isso.
Se existirem pessoas dispostas a lutar por essa nova sociedade, mais holística, mais democrática, mais igual, e com oportunidades para todos, eu me disponho desde já a lutar pela existência de um novo partido, que represente as demandas da Sociedade do Conhecimento e as necessidades do cidadão do século XXI.
Esse partido não é apenas necessário. É uma resposta essencial ao vazio que vive a política brasileira hoje. É um partido pautado por princípios, que promove a democracia e iguala as oportunidades de forma mais completa do que qualquer outro partido, na realidade atual.
A política brasileira precisa se recuperar do completo descrédito em que vive. Um partido adaptado à sociedade do conhecimento, concebido além das ideologias que emperram e são deturpadas pelos partidos atuais, é o instrumento ideal para isso. É o lugar em que a juventude que nasceu e cresceu na sociedade do pós-Guerra Fria poderá entender que a política é o mais importante instrumento de mudança da sociedade.
É possível.
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3 comentários sobre “A Sociedade do Conhecimento necessita de um partido próprio

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