2) Conhecer a estrutura do governo atual e seus mecanismos de funcionamento é essencial para qualquer partido de oposição ter noção do que realmente acontece no governo. Não é necessário ter informações restritas, mas estudar a estrutura governamental e os programas dos diversos ministérios ou secretarias, além da orientação geral e ideológica do governo. E isso é de domínio público, em geral.
3) O essencial: um partido de oposição, se visa assumir o poder, precisa apresentar um programa de governo melhor do que o atual. E mais do que isso: um programa claro o suficiente para convencer as pessoas de que realmente é melhor do que os procedimentos do governo atual, com justificativas que demonstrem ao eleitor que, além de razoável, o programa é possível.
O eleitor é movido, dentre outras coisas, pela inércia. Se a oposição apresenta um programa de governo muito parecido com o do atual governo, há sempre dois questionamentos: o primeiro é ideológico – afinal, se o programa é tão parecido com o que está em andamento, para que uma candidatura de oposição? E o segundo é prático – se dois programas são semelhantes, parece mais viável que consiga executá-lo melhor quem já tem experiência nisso.
Em raras oportunidades o eleitor, por si só, tem a visão de fatores internos à democracia, como a necessidade de alternância no poder. Partidos de oposição devem estar atentos a isso. E existem coisas que, definitivamente, não funcionam quando você está na oposição. Podem ter funcionado um dia, mas atualmente são garatias de fracasso:
1) Promessas de concretização impossível: o eleitor está atento às promessas de cumprimento impossível. E sabe quando uma promessa não pode ser cumprida. Então, fugir do planejamento prévio para fazer promessas absurdas, com o propósito desesperado de ganhar votos, não soa bem para o eleitor. É sinal de que o candidato não tem planejamento e pode levar um Estado ou um país, nos próximos quatro anos, na base do improviso.
2) Difamação de adversários: a estratégia já funcionou muito. Especialmente no tempo em que as propagandas eleitorais, na televisão, podiam ser apócrifas. A mudança da lei disciplinou as propagandas negativas na TV, mas não as impediu. No entanto, a experiência mostra que os ataques podem até tirar algum voto dos adversários, mas geralmente estes votos não são endereçados para quem fez os ataques, mas geralmente passam a um terceiro candidato que não se envolvam em acusações.
3) Mostrar biografias incessantemente: a maioria dos eleitores não têm o menor o menor interesse no fato do candidato ter três graduações, quatro pós graduações, mestrado, doutorado, já ter sido deputado, ministro, secretário, Senador, governador, prefeito, vereador, síndico do condomínio ou o que valha. A eleição do Presidente Lula está aí para provar isso. Claro que ninguém vai confiar em aventureiros paspalhões como o Levy Fidelix, e que a pessoa deve ter tido algum manejo da máquina pública, mas se o candidato passa 70% do seu tempo mostrando o que fez há dez, vinte ou trinta anos, o eleitor só vai considerá-lo um chato mesmo.
4) Repetição: o eleitor não precisa ouvir dez vezes sobre a mesma obra. Principalmente em debates. Se uma mesma coisa é repetida muitas vezes, os eleitores vão considerar que o candidato não tem conteúdo e precisa mostrar mais do mesmo para preencher seu tempo e argumentar. E pior: indica que a pessoa não tem um projeto consistente, mas apenas ações pontuais, utilizadas sob medida para o marketing político.
Uma oposição inteligente deve superar todas as deficiências apresentadas para ter chance de lograr sucesso contra governos populares. O que vemos no plano federal, hoje, é uma oposição que armou uma estratégia política errônea, e paga o preço por isso. Oposições devem ser propositivas, e mostrar para a população que podem ser melhores do que o governo atual. A própria teoria política diz que as oposições que tomam atitudes destrutivas, via de regra, são as oposições que não pretendem assumir o poder.
Porque o eleitor está (e deve estar) interessado no bem-estar do país, e não necessariamente se o partido X ou o partido Y estará com a máquina do governo em suas mãos.
Leo, Muito bacana seu texto. Mas vou te pedir desculpa para discordar da maior parte dele. Primeiro, seu pressuposto sobre as “falhas razoáveis” dos governo que elegerão sucessores, é uma premissa equivocada. Quase 80% aprova o governo Lula, isso quer dizer que está sendo um bom governo para a maioria da população e propostas que tendam ao continuísmo irão prevalecer. Segundo: O reconheceimento das “realizações” do governo atual se dão por isso. COmo a maioria aprova o governo atual, o candidato tem que mostrar que vai fazer o que esse já faz e mais um pouco, logo, reconhecer que o governo fez algo de bom. Resumo da ópera, a Dilma está sendo reeleita graças a um trabalho massivo de oito anos de governo Lula, enquanto a oposição apostou que bastava esperar o jogo eleitoral para que subisse ao poder e abandonou a fiscalização das obras ou a aproximação de seu partido naquilo que é bom com o intuito de construir a imagem para a eleição atual.
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