A eleição presidencial e a nova UDN

Mais uma vez, deixo o aviso: estou marcando datas e entrevistando candidatos a deputado federal ou estadual de Santo André, que queiram expor seus projetos aqui. Faço isso sem distinção de partido político, ideologia ou nada do tipo. Este espaço deve ser democrático, na medida do possível, e o espaço está aberto mesmo para pessoas que eu já critiquei aqui.
As eleições despertam e exacerbam paixões políticas. Muitas vezes já me peguei, neste últimos dias, defendendo ferrenhamente algumas posições políticas que tenho – em tempo, não sou militante de nenhum partido, e não decidi meus votos com 100% de certeza ainda. Também não quero ser cabo eleitoral ou puxar votos para nenhum candidato. Claro que não me considero neutro dentro do espectro político brasileiro, e nem concordo com esta divisão dualista da política nacional nos últimos anos.
Tudo isso foi trazido à tona esta semana, com o frisson exagerado em torno da suposta violação das declarações de Imposto de Renda de figurões do PSDB (também foi violado o sigilo da família Klein, dona das Casas Bahia, da apresentadora Ana Maria Braga e de um chefe de gabinete de um deputado federal do PV, que é filiado ao PC do B (!!!)).
O fato é que o futuro governante do Brasil deve ter um projeto. Não deve basear seu projeto na difamação alheia, e nem em promessas de toque de caixa feitas no calor da campanha, que nunca serão cumpridas. Não deve concentrar sua campanha em temas irrelavantes, ou tentar criar em caráter contínuo “fatos novos” que impulsionem sua campanha, por mais irrelevantes que sejam. Este tipo de atitude só faz os governantes caírem em descrédito.
Este é o jeito udenista de se fazer política. “Udenista” se refere à UDN, de Carlos Lacerda, que representava a oposição conservadora ao trabalhismo de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Oposição ferrenha, difamatória, que não admitia a distância do poder por um período prolongado. Neste contexto, detinham o controle da imprensa, e a utilizavam em larga escala para criticar, caluniar, difamar e arranhar a imagem dos presidentes do Brasil à época, pressionando-os e criando factóides para destruir a governabilidade dos mesmos. Foram determinantes para o suicídio de Getúlio Vargas, e ajudaram a criar um clima institucional no país que fomentou o Golpe Militar de 31 de Março, em 1964, que ocasionou 21 anos de ditadura militar no país.
Em um toque de ironia fina do destino, foram vítimas de sua própria convicção, em larga escala, com líderes do porte de Carlos Lacerda sendo perseguidos pelo regime militar que ajudaram a implantar no Brasil.
Hoje, temos uma nova UDN surgindo. Amparado pela imprensa largamente favorável, o PSDB tenta criar fatos novos para alterar os rumos da campanha presidencial, que, no atual momento, parece próxima de uma definição no primeiro pleito. Quer difamar candidatos, como é (péssimo) hábito do partido e de seus quadros. E tem contra si um partido amparado por ampla base eleitoral popular, com a diferença de que não dá pra chamar o Presidente Lula de populista, no sentido utilizado para designar Getúlio Vargas ou JK.
A verdade é que a história já nos deu um exemplo do que este caráter persecutório e esta obsessão neoconservadora são capazes de fazer. Já deu o exemplo, a médio prazo, de que insuflar a população de maneira anti-democrática a se voltar contra governos legalmente constituídos é algo contrário a qualquer princípio democrático vigente. E que atitudes extremas e revanchistas podem, em última escala, eclodir em um caminho sem volta, em uma escalada de perseguição as liberdades individuais, que pode se voltar contra a própria imprensa que se diz isenta e demonstra a cada editorial posições políticas inflamadas.
Não estou falando que não deve haver investigação, em caso de qualquer irregularidade. Só estou esclarecendo que ninguém deve ser condenado antes de existirem provas concretas. Do crime, de sua autoria e de seus idealizadores. Hoje, não existe nada disso. Mas a imprensa e o PSDB colocam tudo como fato consumado. Pois, há 16 anos em São Paulo, e de 1995 a 2002 no Brasil, o partido não governa para executar um projeto, mas pela ambição desmedida do poder. Os bons projetos que são realizados ocorrem apesar do governo, e geralmente pela iniciativa e pela pró-atividade de servidores isolados.
Está na hora do PSDB mudar, se modernizar, aposentar os velhos caciques responsáveis por essa faceta perversa e udenista em que o partido está se convertendo. A provável derrota nesta eleição está aí para provar isso.
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